Wednesday, January 18, 2006

Castrália


À beira da estrada asfaltada, um portão em ferro forjado com peças recortadas a limitar espaços vazios, dá o nome daquela mansão – Castrália.
Casa de tectos altos e divisões sombrias onde a luz à entrada passando por vitral, faz incidir colorações estranhas, nos objectos e nas pessoas.
À volta de ambos os lados e na frente pequenos espaços ajardinados encontram-se semi-abandonados.
Quem seria a pessoa que mandou construir tal residência, que sugere um mausoléu dos tempos modernos?
Um grupo de jovens, rapazes e raparigas, numa tarde de Outono, deambularam naquelas divisões e nos espaços ajardinados. Ocuparam o tempo com deslocações desnecessárias, entrando e saindo, nos espaços exteriores e nas divisões interiores da Castrália.
Na sala de estar havia um piano antigo algo desafinado. Nada melhor que a música para encher um espaço vazio sem ocupar o espaço. Sons audíveis que encontram ou desencontram a harmonia, afectando os sentimentos, construindo imagens mentais situadas para lá da linguagem através de graves e agudos, de fortes e fracos, resultantes das cordas vibrantes por precursão em uníssono. Sons de tristeza da alegria inexistente, de uma casa sem sentido, de um tempo que passa, sem nada para uma juventude que muito esperava porque nada tinha além da sua juventude e que quando viesse a ter alguma coisa já teria perdido a juventude.
Ao fundo da sala havia uma janela. Em baixo, lá fora, campos e algumas árvores lá longe.
Qual o significado daqueles momentos aparentemente sem significado?

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